Quem é o pedagogo?
O pedagogo é um especialista em educação. Compreende e intervém nos processos de ensino e de aprendizagem que acontecem na sociedade. E existe diferença entre o pedagogo e o professor? Acredito que existem sim, e muitas, mas ambos têm o mesmo objetivo: a educação . Existe a necessidade extrema de que o pedagogo/educador, deve se realizar em curso próprio e absorver toda a complexidade de seu objeto de estudo. Porque a educação não está apenas dentro da sala de aula. "Reduzir a ação pedagógica à docência é produzir um reducionismo conceitual, um estreitamento do conceito pedagógico” (Libâneo e Pimenta, 1999).
Vemos bem essa ligação observando a presença cada vez maior da violência dentro e fora da escola. Os professores oprimidos e a sua impotência diante dos problemas da sociedade. Sendo assim urgentemente necessário convocar pedagogos para atuar dentro e fora da esfera escolar. Precisamos, nós pedagogos, enfrentar esta tarefa social. Assim o pedagogo, educador por excelência, precisará atuar na escola e nas diversas instâncias educativas da sociedade (com comprometimento social!).
Para isso, precisa-se de uma nova e diferenciada formação do pedagogo, pois ele deve ter a consciência de estar formando homens para o exercício da cidadania e, para isso, necessita de comprometimento e autoformação continuada. Neste ponto afirma-se a importância do planejamento no curso de pedagogia e o comprometimento dos profissionais que nel e de formarão. É necessário que estes estejam dispostos à esta atuação e reflexão. Pois aí está a base da educação : na formação dos pedagogos. E que tenham o interesse de estudar de verdade para alcançar isso.
Que trabalho é esse?
– Qual sua a profissão? – Que perguntinha para se fazer a uma garota de 21 anos. Rapidamente, respondo: – Sou professora. Quanta responsabilidade esta resposta traz. Apesar de algumas vezes causar sorrisinhos no canto dos lábios, como quem não vê muita importância na palavra “professor”. Mas esta é sim uma das profissões mais importantes que existe. E não é a toa que por mais que existam “maus” professores, a maior parte dessas pessoas que dão o tal sorrisinho sabem ler, escrever e até fazer belos cálculos de aritmética. Ser professor é ser algo muito importante! Pois a educação participa ativamente na formação da sociedade.
– E tu gosta de ser professora? – Outra perguntinha sem vergonha que não devia ter saído dos tais lábios risonhos... pois, tem como ser professor sem gostar? Ser professor não é como trabalhar no setor de crediário de uma grande loja, atendendo os clientes de forma mecânica esperando ansiosamente o tempo passar.
Ser professor é se doar, se permitir a todo o momento viver intensamente cada situação, procurar entender estes momentos, pensar em como interagir com ele, ver cada pequeno segundo como algo grandioso. Afinal, para uma criança, por exemplo, um segundo é o tempo necessário de você se tornar o seu herói ou seu vilão.
Trabalho, emprego ou profissão?
Construímos com a professora Jussara a idéia de que trabalho é uma ação com um propósito, que possui o objetivo de modificar e produzir matéria e/ou o ambiente. Ele existe desde a pré-história, quando o homem começou a transformar a naturaza ao seu redor. O trabalho era um meio de sobreviver e evoluir.
Já emprego é a troca de ação por remuneração. O conceito de emprego surgiu na Revolução Industrial, neste conceito existe a relação entre empregador e empregado. Tais relações que existiam de forma um pouco diferente desde a Antiguidade, onde havia a relação entre escravizador-escravo e na Idade Média na relação entre senhor-servo. A partir da Idade moderna que as coisas começaram a mudar e começa-se a esboçar o conceito de emprego.
Mas afinal, qual a relação entre emprego e trabalho? O emprego é sempre um trabalho, mas nem sempre o trabalho será um emprego, pois um trabalho pode ser feito com vínculo e sem remuneração. E qual a relação do trabalho com a sociedade? Acredito que o trabalho é peça fundamental para o funcionamento da sociedade, é a ligação entre as necessidades e capacidades das pessoas. Por exemplo, uma pessoa tem capacidade de produzir alimento e outra necessita dele para sobreviver. A pessoa que consumiu este alimento serve a uma empresa que produz materiais de limpeza que serão usados por muitas outras pessoas, e assim continua o ciclo. Ou seja, sempre existirá trabalho, pois sempre haverá a capacidade de produzir e necessidade de consumir.
Um trabalho pode evoluir com investimento em formação. E é disso que se trata uma profissão, uma atividade realizada com formação acadêmica, que visa carreira profissional. Concluimos, então, que ser pedagogo é um trabalho e mais que isso, uma profissão. Pois permite o vínculo, une capacidades e necessidades e exige formação acadêmica.
“Paciência e Persistência”
Assistimos com a professora Jussara o filme “De Porta Em Porta”, de Steven Schachter, que retrata com muita sensibilidade a vida de um vendedor de porta em porta que possui limitações físicas. No filme Bill Porter não apenas trabalha, mas atua além do seu ofício. Ele cria um vínculo especial com cada cliente, acolhe seus problemas e participa de suas vidas. Seu comprometimento vai além do profissional, ele se torna social. O que é impossível um profissional da educação não fazer.
Atuar na educação não se limita a ensinar conteúdos. A educação forma a sociedade, pois todos cidadãos passam pela escola (ou deveriam passar...). E este é um trabalho árduo, pois todos os dias, não importa a experiência que se tenha, uma nova situação irá aparecer para desestruturar nossas posturas e, assim, deveremos contruí-las novamente. É preciso ser paciente, persistente e estar aberto para o novo. Viver o novo e interagir com ele.
Pedagogia e Cultura Africana
No exercício de educar para a vida, o pensamento africano mantém como tradição as histórias míticas, que podem ser consideradas como práticas educacionais que chamam a atenção para princípios e valores que vão inserir a criança ou o jovem na história da comunidade e na grande história da vida.
Contar mitos, em muitos lugares na África, faz parte do jeito de educar a criança que, mesmo antes de ir para escola, aprende as histórias da sua comunidade, os acontecimentos passados, valorizando-os como novidade. Os mitos de matriz cultural evidenciam valores de convivência e solidariedade, considerando:
· saber sobre si mesmo (autoconhecimento);
· reconhecimento e manutenção de valores de convivência comunitária;
· reverência aos ancestrais e aos espíritos dos familiares;
· apreço à figura da mãe, venerada quase como uma entidade;
· reverência aos velhos e velhas, como portadores de conhecimentos;
· preservação dos fazeres e saberes, costumes e histórias das comunidades;
· atenção para a educação de crianças e jovens, com os princípios e valores da comunidade;
· manutenção da família, enquanto instituição básica da sociedade.
Por que trabalhar o mito como prática educativa?
Se considerarmos o dicionário, o mito pode ser definido como tradição que, sob forma de alegoria, deixa entrever um fato natural ou histórico. O dicionário ainda nos diz que o mito é a história de um deus ou de um herói, ou de um acontecimento de origem ancestral. Os mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano. Isto significa que o herói mitológico sempre foi uma necessidade do homem. A escola sempre privilegiou a mitologia grega, romana, mas é silente no que diz respeito à mitologia reinventada no Brasil. O mito relaciona o indivíduo com a sua própria natureza e com o mundo do qual o indivíduo faz parte.
(fonte: texto trabalhado em aula - Mitos afro-brasileiros e vivências educacionais de Vanda Machado)